terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Juíza Olga Regina lança livro polêmico

“A Reencarnação de Ma. Bonita do Bem”

Por Edson Miranda

O Preço Amargo da Calúnia, livro da juíza baiana Olga Regina a ser lançado no próximo dia 31 de janeiro, na livraria Saraiva do Shopping Barra, é um verdadeiro libelo contra muitas instituições da Bahia e na Bahia que resistem, de todas as formas, (o grifo é necessário) ao processo de modernização e desvelamento, imposto pelas sociedades contemporâneas às suas organizações, principalmente às Estatais.

Funcionará como “chumbo grosso e quente” contra essas instituições que insistem em viver (ou sobreviver, pois tal forma se encontra nos seus estertores) sob o véu do atraso e no pântano do obscurantismo, particularmente o poder judiciário da Bahia.

Muito antes da Corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Eliana Calmon, afirmar que existem bandidos togados e avocar para a responsabilidade da Corregedoria do CNJ processos que antes correriam a cargo das contaminadas Corregedorias Estaduais, a juíza Olga Regina, apelidada pela mídia de “Maria Bonita do Bem, reencarnada”, já colocava sua caneta e sua coragem a serviço da descontaminação de instituições encarregadas de promover a justiça.

Exatamente por combater o patrimonialismo dessas instituições e o conjunto de injustiças que seus “maestros da maldade” produziam - uma espécie de precursora solitária do que hoje assistimos com mais substância e apoios diversos. E nisto, certamente, reside a natureza exemplar da coragem de Olga Regina – a juíza, antes elogiada por sua produtividade e laureada com Prêmio de Direitos Humanos, por trabalhos sociais com comunidades indígenas e até com familiares de presos que ela mesma mandava prender, passou a ser “persona non grata”, alvo a ser eliminado.

Quando trabalhava na Comarca de Juazeiro, Olga Regina teve sua casa invadida na madrugada por homens encapuzados e fortemente armados. Escapou de morrer porque foi avisada, por alguém de sua confiança, no dia anterior.

Certa feita, numa rebelião de presos, policiais militares de Juazeiro abandonaram o presídio depois que bateram o cadeado da cela em que Olga se encontrava com 130 amotinados, gente que ela mesma mandara prender. Aqui cabe uma observação, foi a PM que chamara Olga Regina para auxiliar no conflito. Os próprios presos quebraram o cadeado e liberaram a juíza.

Em outra ocasião, pelo fato do delegado e a polícia se negarem a prender membros de um grupo de extermínio, formado por policiais militares, que cometia crimes em Juazeiro e se refugiava em Petrolina, ela mesma, junto com alguns guardas municipais, com quem distribuíra as armas existentes no Fórum, atravessou a ponte e trouxe preso todo o grupo.

Contava a seu favor o fato de manusear muito bem várias armas e ser uma exímia atiradora.

Mesmo com a mídia procurando criar para ela uma imagem personificada, a de Maria Bonita. Seu aguçado senso de justiça e democracia sempre a conduziu para a defesa intransigente do Estado Democrático de Direito e fez dela uma guerreira corajosa e constante contra todo e qualquer tipo de injustiça.

Por isso, quando a mídia se referia a ela como “a reencarnação de Maria Bonita”, essa mesma referência vinha sempre acompanhada da adjetivação “do Bem”.

Por essa coragem apaixonada, típica das mais nobres almas femininas, que, certamente, marcará toda a trajetória deste século XXI, o século das mulheres, Olga Regina respondeu processo até por defender Natur de Assis.

Natur foi um incansável ativista ambiental, covardemente assassinado em Ubaíra, no Vale do Jequiriça. Sua morte prematura comoveu toda a Bahia e deixou uma saudade imensa nos corações de todos aqueles que o conheceram e que tiveram a honra de, um dia, militar ao seu lado nas organizações de esquerda na Bahia.

Em Cruz das Almas, cidade onde também trabalhou, pegava todos os presos e levava para assistir a missa do Divino. Era um verdadeiro furdunço, mas ninguém nunca fugiu ou ameaçou a integridade dos citadinos cruz-almenses.

Várias vezes afirmara que a Polícia Federal só prendia “pé de chinelo”. Quando constatava que algum preso fora torturado, imediatamente mandava soltar.

Cansou de ajudar socialmente esses mesmos “pés de chinelos”, quando saiam das prisões, muitos por total ignorância, e não tinham nem o que comer.

Mandou lacrar sala de delegacia, onde encontrara uma máquina de dar choques. Isto em “pleno regime democrático” na Bahia de ACM.


Não transigiu, em momento algum, com o lado negativo do corporativismo. Contrariou negociações espúrias e subterrâneas entre prefeituras municipais e juízes de comarcas do interior do estado.

Denunciou e combateu o trabalho escravo. Também em plena “Bahia Democrática”. Com isso, contrariou muitos poderosos.

Teve o telefone grampeado pela Polícia de ACM durante muito tempo. Por causa dos seus grampos, foram descobertos, também, os grampos nos telefones de outras personalidades  baianas, entre elas Nelson Pelegrino, deputado federal do PT e Geddel Vieira Lima, na época deputado federal pelo PMDB.

Por causa dos grampos nos telefones de Olga Regina, a Bahia também revelou, com muita antecedência, o lado murdockiano de parte do seu jornalismo.

Plantar informantes nos órgãos de repressão, para receber notícias frescas e importantes, já era prática na Bahia, talvez, antes de ser prática na Inglaterra de Rupert Murdock.

Olga Regina foi acusada ainda de envolvimento com o narcotraficante Gustavo Duran Bautista, preso pela Polícia Federal numa fazenda de uvas e mangas em Juazeiro. Seu processo até hoje corre em segredo de justiça.

Desde então, não parou de responder processos. Todas as representações foram questionadas e desconstruídas pelo saudoso jurista baiano Arx Tourinho.

Estressada pela colossal pressão, posta em movimento pelos mesmos “maestros da maldade”, seu organismo não suportou. Certo dia, conduzindo uma audiência no Fórum Rui Barbosa, teve um colapso: ramificações nervosas foram rompidas, o que lhe ocasionou uma parada cardiorrespiratória.

A juíza ficou 20 dias em coma no Hospital Espanhol, foi desenganada pelos médicos. Dessa vez, sua brava luta foi pela própria vida. Venceu, porém com profundas sequelas. Conseguiu sair do coma com o lado direito do corpo paralisado e ficou um mês sem reconhecer uma irmã.

Ao sair do coma, apalpava, com a mão esquerda, partes do corpo, procurando, em vão, identificar a bala que a deixara naquelas condições. Achava que tinha sofrido um atentado à bala. Nascera novamente, segundo os médicos.

Escrever o livro foi sugestão de um médico demasiado humano, aquele que enxerga cura não apenas nos remédios, mas em uma gama de possibilidades criativas. Terminou por funcionar como uma verdadeira terapia. Recuperou boa parte dos movimentos nas mãos e nos braços.

Com o livro, abre um novo ciclo de imensa colaboração à Bahia e ao Brasil. Como afirmei no início do texto, a obra é um libelo e como tal são apenas prolegômenos.

Olga Regina, como boa atiradora que sempre foi, aprendeu a atirar ainda jovem e recebeu a primeira arma das mãos do avô – uma escopeta – sabe que não pode atirar a esmo, sem ver o alvo, por isso mesmo ainda guarda farta munição para uma segunda obra.

Nós do BAHIA TODO DIA recomendamos o livro da juíza Olga Regina como leitura obrigatória para baianos e brasileiros. Ainda no decorrer desta semana publicaremos, também, uma entrevista com a autora.

Fonte: www.bahiatododia.com.br

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