*Elaine Almeida
Num país como o Brasil, é difícil sobreviver com o sistema público. País onde o direito a cidadania não é conscientizado e sim imposto através de leis para exercê-la, e mesmo assim sendo desrespeitado todo o tempo. Daí vivemos circundando num “Estado democrático de direito a burocracias” que nos faz sofrer diariamente quando precisamos dos serviços públicos.
Estamos vivendo na era das necessidades, as quais se você tem dinheiro suficiente, pode conseguir muitas coisas, porém se é desfavorecido financeiramente está confinado a continuar sofrendo ou morrendo em portas de hospitais, dormindo em portas de escolas para fazer uma matrícula ou tendo que ser desrespeitado apenas para reconhecer uma firma em cartório e coisas mais que ao enumerar ficamos estarrecidos.
Mas, passa o tempo e a cada dia não conseguimos ver o fim desse túnel, porque num país amontoado de leis e emendas, que não existe fiscalização, de nada serve, pois se existisse apenas meia dúzia de leis, contudo fossem cumpridas, fiscalizadas e respeitadas tudo seria diferente, porém diante disso conseguimos ver nos jornais diários, os mesmos criadores e aprovadores das leis descumprindo-as e deixando os verdadeiros beneficiários “o povo” desguarnecidos e sofrendo absurdamente a cada vez que precisa de um serviço do sistema público.
Para o amontoado de arrecadações tributárias que temos nesse país, éramos para ter serviços públicos de excelência, não essa vergonha que presenciamos quando necessitamos de qualquer serviço público. Ao invés de termos bons serviços prestados recebemos quase sempre são humilhações, esperas descabidas, morosidade, corrupção, extorsão e outras infinidades de desqualificações que não valem a pena citar. Servidores que recebem seus salários de nossos bolsos e não têm o devido respeito pela população. Não podemos generalizar, mas num universo de milhares de servidores públicos, encontramos poucos que tem a boa vontade e respeito em nos atender com o devido profissionalismo quando precisamos, porque uma boa parte, estão preocupados em receber seu dinheiro no final do mês e não em cumprir o mínimo que deveria, como servidor público. É triste, mas é verídico, sabendo a carência que temos dos serviços públicos, ainda termos “profissionais” que conseguem piorar esse estado de necessidade.
Quando ocorrerá uma conscientização desses servidores, dos altos e baixos escalões? Para compreenderem que a população gasta muito com pagamentos das arrecadações impostas pelos governantes e muitos não sobram dinheiro nem para alimentar-se com decência, imagine pagar valores extras para serem melhor servidos. Estamos precisando tomar vergonha na cara e exigir o devido respeito que o sistema público não nos oferece, procurar conscientizar os péssimos profissionais da necessidade de suas melhorias e deixarem a desculpa do tratamento ruim nos salários baixos que eles recebem, porque se muitos deles que trabalham cerca de 30 horas por semana (quando cumpre) ganhando sempre acima de um salário mínimo reclamam? Então, o que dizem aqueles que trabalham 44 horas semanais ou mais e muitas vezes nem salário tem para receber, porque recebem menos que o mínimo estabelecido pela Constituição Federal. Salientando que ser profissional independe do salário, e sim está atrelado a ética, respeito ao próximo e juramentos que são feitos pela profissão/função e que normalmente vemos serem descumpridos. Isso é Brasil, país varonil de impunidades mil, pois se a cada irregularidade de um servidor público cometesse houvesse fiscalização, apuração e punição administrativa e/ou financeira, temos absoluta certeza que muita coisa teria mudado para melhor, porém como o corporativismo é nítido, vivenciamos essas atrocidades diariamente sem ver posicionamentos nem soluções para os comportamentos errôneos desses servidores que se dizem “públicos”.
E não pensem que estou do outro lado, porque sou servidora pública e por vivenciar isso sempre, faço esse meu desabafo de indignação, porque sei da realidade dos salários, todavia não justifica as aberrações e destratos que vivenciamos em hospitais, escolas, delegacias, cartórios e outros mais diversos setores e departamentos dos órgãos públicos quando precisamos de uma prestação de serviço público. Sem salientar as ameaças com aqueles avisos ridículos sobre o artigo que fala sobre o desacato ao servidor público no cumprimento do dever, uma vez que quando se coloca aquele aviso, assume-se a incompetência na prestação de seus serviços, sabendo a revolta que causou ao cliente.
*Elaine Almeida é policial militar no Estado da Bahia e bacharel em ciências contábeis
Fonte: aqueimaroupa.com.br
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