Curso de Capacitação TJBA

escrito em sábado 18 junho 2011 04:51

Transcrevemos texto de nosso companheiro Antemar Campos sobre sua visão no Programa de Capacitação em Práticas Judiciárias promovido pelo TJBa  em parceria com a Universidade Corporativa (Unicorp) e  FGV DIREITO RIO. 

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Minha experiência no curso de capacitação do TJBA

Ontem fui pela última vez no curso de capacitação promovido pelo TJBA em convênio com a FGV. Durante o curso tive uma verdadeira overdose de "viagra empresarial". rs

No início havia a expectativa em adquirir algum conhecimento técnico profissional. Mas parece-me que o intuito principal do curso é fazer com que o servidor resolvam os problemas que são de responsabilidade da administração do TJBA. Gostei muito de algumas aulas sobre direito penal, de família e sobre o CDC.

Mas a grande parte do curso destina a doutrinação através de valores empresariais e de mercado. Uma primeira ressalva: ainda que o TJBA fosse uma empresa, seria uma empresa em que os donos de ocasião não são proprietários do seus recursos. Os recursos financeiros são públicos. O dinheiro que é gasto no TJBa não é de presidente A,B ou C. É dinheiro público.

Observei que algumas ferramentas são de grande valia para a resolução de problemas operacionais do dia-a-dia de cartórios e juizados. Mas ontem, por exemplo, ao dividir a sala para um exercício prático sobre o mapeamento de problemas e soluções, o professor foi logo advertindo:"não vale colocar salário e falta de servidor". rs

Tive a impressão de que se tratava da desumanização do trabalho e do trabalhador. Como se não pudéssemos questionar nada além da nossa rotina operacional. Como se fossemos robôs. E percebe-se uma clara concepção "taylorista" na doutrina ministrada pelo curso.

Um fato interessante: durante o intervalo do almoço, conversava com alguns companheiros do curso sobre a necessidade do TJBA adotar mecanismo de incentivar o atendimento ao público. Aí um antigo colega, contou-nos uma história sobre o cheque. "Cadê o cheque?" Ele utilizou a analogia da história sobre o "cheque" para lembrar que a população quer seus processos julgados. De que nada adianta o "cliente" ser bem atendido e bem tratado e não ter seu processo sentenciado/julgado com rapidez. O "cliente" pode ser bem atendido por anos e não ter seu processo julgado. rs

Voltando...

O curso capacitação é focado numa necessidade empresarial de controle e monitoramento. Numa busca de metas. Um dos professores ao usar o exemplo da melhoria no atendimento ao "cliente", ignorou completamente as características desse trabalho e quem o exerce. Esclarecendo melhor: ao colocar como meta em um dos juizados da cidade do Rio de Janeiro que o "cliente" não espere mais que 3 minutos na fila, ignora-se que o trabalhador atendente fica sentado, de pé, ou andando. O atendimento ao "cliente" pode demandar uma jornada de trabalho em que o trabalhador fique sentado, de pé ou andando. Ou as três coisas juntas.

Não dá para ignorar a insuficiência dos meios e instrumentos de trabalho como espaço físico, iluminação, aclimatação, pureza do ar, móveis, computador; todos esses fatores determinam a qualidade, agilidade e melhoria no atendimento ao "cliente". Sem fornecer esses condicionantes básicos, nenhuma administração tem moral ou dignidade de fazer controle, cobrança e monitoramento do trabalho.

Todavia, achei interessante questões pontuais que ajudam e auxiliam na otimização das rotinas de trabalho, como por exemplo: como obter o "índice de processos não localizados".Ferramentas que poderiam ser ministradas em uma semana de curso.

Mas, enfim, valeu a experiência e contato com outros funcionários - alguns que não via há algum tempo - as discussões em sala de aula e as apostilas que servirão de base para leitura crítica.

Já dizia o poeta: "Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena"

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"Seja realista, exija o impossivel!"

twitter: @antemarcampos

Créditos da Imagem: Migalhas

Fonte: Blog Sem Padrinhos